28/05/2010

The Chomsky-Foucault Debate [excerpt, part 1/2]


Esse debate não é de hoje. Não sua realização que não é de hoje. Seu tema é que não é de hoje.

Desde a Republica e do Górgias de Platão que podemos situar a justiça dentro do escopo dos temas de interesse da Filosofia. Nesse debate, que por mais sumário que seja, não deixa de apresentar o problema de forma interessante, ocorre uma distinção que ao meu ver é fundamental.

A justiça, assim como uma série de valores que temos na nossa sociedade, é resultado de uma base insuperável da natureza humana ou ela é um valor resultante de um abandono da natureza humana?

Aqui Michel Foucault defende que um sistema social que concebe a justiça como ponto a ser buscado, só pode ocorrer onde ela (a justiça) não ocorre. Onde a tentativa de superação de diferenças resulta na invenção do parametro da justiça. O exemplo que ele dá é o da sociedade ocidental, onde uma classe se valida através da noção de justiça e uma outra pertence à essa sociedade por buscar a justiça. Se essa sociedade não tivesse distinções que tornam esses homens diferentes entre si, não haveria necessidade da noção de justiça, pois ela seria suposta e não se realizaria enquanto ponto a ser buscado, mas ficaria suposta como qualquer lei do tipo "O cidadão que não foi concebido não é cidadão".

Esse argumento, se me fiz claro, é apresentado por Foucault pelo seu viés historicista. Ele crê que a noção de justiça não é algo da natureza humana. Pelo menos não como necessidade primária. Sua necessidade primária é viver numa comunidade cultural e somente secundáriamente, ao viver dentro de um sistema cultural que apresente a necessidade histórica de desenvolver essa noção, é que podemos considerar a justiça como uma "idéia" concebível.

Contrariamente à Foucault, a opinião de Chomsky defende a justiça como parte fundante da natureza humana. Ele defende que a justiça está presente em qualquer sistema social, por mais que ele não apareça como fim a ser buscado. Sua posição parece defender que o ideal de justiça é inerente e fora de qualquer necessidade histórica.

Talvez, se tomarmos uma vaga definição de justiça, possamos olhar para aquilo que é condição de possibilidade da emergência de tal termo. Noções como "igualdade", "identidade", "diferença", decorrem, são condição ou se assentam no mesmo plano que concebo a noção de justiça? São interdefinições?


Aucun commentaire:

Enregistrer un commentaire