Tomo rapidamente uma pequena tirinha do Calvin & Hobbes para falar de algo que é certamente complicado quando referido a mim.
Há ordem de eventos nas nossas vidas? Podemos dizer que alguma essencia individual se realizaria se analisássemos nossas ações e vissemos que elas tendiam para a realização de alguém?
Confesso com um pouco de vergonha na cara que buscava isso quando entrei para o curso de história. Realizar alguma compreensão de “eu” entendo a história objetiva. Nisso que ocorreu comigo há um problema real e sua resolução pode vir pode ser tanto a negação dessa relação de emergência de um sujeito na relação com sua história, como pode ser extremamente verdadeiro e importante, pois na dependência disso muitos pescoços podem jamais sentir o fio frio da navalha.
Uma vida não faz sentido somente pelo encadeamento de causas e efeitos e se essas se encadeiam dentro de uma série com um propósito. Como discutia com um amigo na semana passada, parece que há dois usos do termo fazer sentido. O primeiro é significar. Algo tem significado se gera compreensão, mas qualquer próposito de vida que apareça sob a forma de oferta parece fazer sentido.
Pense no exemplo: “Fazer o bem para crianças com fome”. É um proposito, bonito até. Contudo, não me parece que qualquer pessoa esteja em condições de abraçar esse propósito. Eis que surge um outro uso do termo na minha conversa: o sentido existencial.
O termo não é invenção minha, mas parece que essa distinção precisa passar a ser usada, uma vez que muitas coisas fazem sentido, mas poucas fazem sentido existencial. Abraçar um sentido existencial é algo mais forte, algo que parece nos indicar que pessoas teriam uma espécie de causa final em poder de si e aplicável à si mesmas. Elas tem livremente a possibilidade de dar sentido às suas vidas, mas esse sentido não é qualquer um, mas um que ela é seja capaz de abraçar. Se não houvesse algo parecido, qualquer pessoa poderia muito facilmente, por razões utilitárias encaixar-se em qualquer sentido existêncial que lhe estivesse ao alcance imediato.
Ainda que pareça à primeira vista sem pé nem cabeça o que escrevo aqui, queria fazer essa distinção. Pode ajudar alguém a pensar o que faz de sua vida, como me ajuda, e permitir pensar o que essa pessoa fará de sua história.